Disc 1 | ||||||
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1. |
| 2:51 | ||||
O silencio da guitarra
Que a minha alma se agarra Como se fora de fogo Em meu peito se demora Qu´a alegria tambem chora E apaga tanto desgosto Este silencio do Tejo Sem ter boca para um beijo Nem olhos para chorar Gaivota presa no vento Um barco de sofrimento Que teima sempre em voltar Lisboa, cais de saudade Onde uma guitarra ha-de Tocar-nos um triste fado Quando a alma se agiganta A tristeza tambem canta Num pranto quase parado |
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2. |
| 3:40 | ||||
Do vale a montanha
Da montanha ao monte Cavalo de sombra Cavaleiro monge Por casas, por prados Por quinta e por fonte Caminhais aliados Do vale a montanha Da montanha ao monte Cavalo de sombra Cavaleiro monge Por penhascos pretos Atras e defronte Caminhais secretos Do vale a montanha Da montanha ao monte Cavalo de sombra Cavaleiro monge Por plainos desertos Sem ter horizontes Caminhais libertos Do vale a montanha Da montanha ao monte Cavalo de sombra Cavaleiro monge Por invios caminhos Por rios sem ponte Caminhos sozinhos Do vale a montanha Da montanha ao monte Cavalo de sombra Cavaleiro monge Por quanto e sem fim Sem ninguem que o conte Caminhais em mim. |
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3. |
| 2:34 | ||||
Eu fui a Feira de Castro
P'ra comprar um par de meias Vim de la cumas chanatas E dois brincos nas orelhas As minhas ricas tamancas Pediam traje a rigor Vestido curto e decote Por vias deste calor Quem vai a Feira de Castro E se apronta tao bonito Nao pode acabar a Feira Sem entrar no bailarico Sem entrar no bailarico A modos que bailacao Ai que me deu um fanico Nos bracos de um manganao Vai acima, vai abaixo Mais beijinho, mais bejeca E la se foi o capaho Qu'iludiu me coracao E fui a Feira de Castro E vim da Fira de Castro E jurei para mais nao... |
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4. |
| 4:01 | ||||
Horas mortas, noite escura
Uma guitarra a trinar Uma mulher a cantar O seu fado de amargura E atraves da vidraca Enegrecida e quebrada A sua voz magoada Entristece quem la passa Refrao: Vielas de Alfama Ruas de Lisboa antiga Nao ha fado que nao diga Coisas do vosso passado Vielas de Alfama Beijadas pelo luar Quem me dera la morar Pra viver junto do fado A lua as vezes desperta E apanha desprevenidas Duas bocas muito unidas Numa porta entreaberta Entao a lua corada Ciente da sua culpa Como quem pede desculpa Esconde-se envergonhada Refrao |
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5. |
| 4:02 | ||||
No teu rosto comeca a madrugada.
Luz abrindo De rosa em rosa, Transparente e molhada. Melodia Distante mas segura; Irrompendo da terra, Quente, redonda, madura. Mar imenso, Praia deserta, horizontal e calma. Sabor agreste. Rosto da minha alma. |
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6. |
| 2:55 | ||||
No templo que e so do fado
A alma e como um jardim Onde as flores dancam de lado Na ventania sem fim Aguentarao, pobrezinhas, As furias da natureza? Paixao nao e linha recta Nem fado e a certeza O fado e como um jogo Que deus inventou inspirado Se nos pos ca nesta vida Foi para jogar o fado Na mesa dos sentimentos O coracao e um dado E rola com as guitarras E da um numero que e fado O um, o dois e o tres, Faces da mesma verdade. O quatro e o cinco ja sao O jogo da felicidade O numero seis e saudade Por ela venho cantar Abriram-me as portas a alma E agora e ve-la dancar |
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7. |
| 2:54 | ||||
8. |
| 5:04 | ||||
Cheguei a meio da vida ja cansada
De tanto caminhar! ja me perdi! Dum estranho pais que nunca vi Sou neste mundo imenso a exilada. Tanto tenho aprendido e nao sei nada. E as torres de marfim que construi Em tragica loucura as destrui Por minhas proprias maos de malfadada! Se eu sempre fui assim este mar morto: Mar sem mares, sem vagas e sem porto Onde velas de sonhos se rasgaram! Caravelas doiradas a bailar... Ai quem me dera as que eu deitei ao mar! As que eu lancei a vida, e nao voltaram!... |
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9. |
| 1:59 | ||||
10. |
| 5:36 | ||||
Deserto
Imperio do Sol Tao perto Imperio do Sol Prova dos nove Da solidao Cega miragem Largo clarao Livre prisao Sem a menor aragem Sem a menor aragem Que grande mar De ondas paradas Que grande areal De formas veladas Vitoria do espaco Imensidao Ponto de fuga Ampliacao Livre prisao Anfitriao selvagem Anfitriao selvagem No deserto Ouco o fundo da alma E, se a areia esta calma, O bater do coracao E que tanto deserto Tao de repente Faz-me pensar Que o deserto sou eu Se nao me vieres buscar |
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11. |
| 4:42 | ||||
Todo o amor que nos prendera
Como se fora de cera Se quebrava e desfazia Ai funesta primavera Quem me dera, quem nos dera Ter morrido nesse dia E condenaram-me a tanto Viver comigo meu pranto Viver, viver e sem ti Vivendo sem no entanto Eu me esquecer desse encanto Que nesse dia perdi Pao duro da solidao E somente o que nos dao O que nos dao a comer Que importa que o coracao Diga que sim ou que nao Se continua a viver Todo o amor que nos prendera Se quebrara e desfizera Em pavor se convertia Ninguem fale em primavera Quem me dera, quem nos dera Ter morrido nesse dia |
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12. |
| 1:55 | ||||
Se passares pelo adro
No dia do meu enterro Diz a terra, tu nao coma Os aneis do meu cabelo Ja nao digo que viesses Cobrir de rosas meu rosto Ou que num choro dissesses A qualquer do teu desgosto Nem te lembro que beijasses Meu corpo delgado e belo Mas que sempre me guardasses Os aneis do meu cabelo |