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from Chico Buarque - Chico Buarque/E.Morricone - Per Un Pugno Di Samba(Digi-Pack/Remastered) (1970) | |||||
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Onde andara Nicanor?
Tinha maos de jardineiro Quando tratava de amor Ha tanta moca na espera Suas gentis primaveras Um desperdicio de flor Onde andara Nicanor? Tinha amor pro porto inteiro Um peito de remador Ah, quem me dera as morenas Pra consolar suas penas Para abrandar seucalor Olha elas sempre aflitas Bata o vento ou caia chuva Cada uma mais bonita E mais viuva Todas elas fazem ninho Da saudade e da virtude Mas carinho Queira Deus que Deus ajude Onde andara Nicanor? Tinha no de marinheiro Quando amarrava um amor Mas ha recantos guardados Nos sete mares rasgados Sete pecados tao bons Onde andara Nicanor? |
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from Chico Buarque - Chico Buarque/E.Morricone - Per Un Pugno Di Samba(Digi-Pack/Remastered) (1970)
Eu faco samba e amor ate mais tarde
E tenho muito sono de manha Escuto a correria da cidade que arde E apressa o dia de amanha De madrugada a gente 'inda se ama E a fabrica comeca a buzinar O transito contorna, a nossa cama reclama Do nosso eterno espreguicar No colo da bem vinda companheira No corpo do bendito violao Eu faco samba e amor a noite inteira Nao tenho a quem prestar satisfacao Eu faco samba e amor ate mais tarde E tenho muito mais o que fazer Escuto a correria da cidade. Que alarde! Sera que e tao dificil amanhecer? Nao sei se preguicoso ou se covarde Debaixo do meu cobertor de la Eu faco samba e amor ate mais tarde E tenho muito sono de manha |
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from Chico Buarque - Chico Buarque/E.Morricone - Per Un Pugno Di Samba(Digi-Pack/Remastered) (1970) | |||||
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from Chico Buarque - Chico Buarque/E.Morricone - Per Un Pugno Di Samba(Digi-Pack/Remastered) (1970) | |||||
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from Maria Bethania - Brincar De Viver (1996) | |||||
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2:39 | ||||
from Grandes Mestres Do Samba (Original Version) (1997) | |||||
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from Fagner - Amigos E Cancoes (2000) | |||||
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from Caetano Veloso, Chico Buarque - Juntos E Ao Vivo (2000) | |||||
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from Caetano Veloso, Chico Buarque - Juntos E Ao Vivo (2000) | |||||
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from Caetano Veloso, Chico Buarque - Juntos E Ao Vivo (2000) | |||||
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from Caetano Veloso, Chico Buarque - Juntos E Ao Vivo (2000) | |||||
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from Caetano Veloso, Chico Buarque - Juntos E Ao Vivo (2000) | |||||
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from Caetano Veloso, Chico Buarque - Juntos E Ao Vivo (2000) | |||||
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from Caetano Veloso, Chico Buarque - Juntos E Ao Vivo (2000) | |||||
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from Caetano Veloso, Chico Buarque - Juntos E Ao Vivo (2000) | |||||
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from Chico Buarque - Construcao (2000)
Dorme minha pequena
Nao vale a pena despertar Eu vou sair Por ai afora Atras da aurora Mais serena |
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from Chico Buarque - Construcao (2000) | |||||
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from Chico Buarque - Construcao (2000) | |||||
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from Chico Buarque - Construcao (2000)
Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode as seis horas da manha Me sorri um sorriso pontual E me beija com a boca de hortela Todo dia ela diz que e pra eu me cuidar E essas coisas que diz toda mulher Diz que esta me esperando pro jantar E me beija com a boca de cafe Todo dia eu so penso em poder parar Meio-dia eu so penso em dizer nao Depois penso na vida pra levar E me calo com a boca de feijao Seis da tarde, como era de se esperar, Ela pega e me espera no portao Diz que esta muito louca pra beijar E me beija com a boca de paixao Toda noite ela diz pra eu nao me afastar Meia-noite ela jura eterno amor E me aperta pra eu quase sufocar E me morde com a boca de pavor Todo dia ela faz tudo sempre igual Me sacode as seis horas da manha Me sorri um sorriso pontual E me beija com a boca de hortela |
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from Chico Buarque - Construcao (2000)
Sim, vai e diz
Diz assim Que eu chorei Que eu morri De arrependimento Que o meu desalento Ja nao tem mais fim Vai e diz Diz assim Como sou Infeliz No meu descaminho Diz que estou sozinho E sem saber de mim Diz que eu estive por pouco Diz a ela que estou louco Pra perdoar Que seja la como for Por amor Por favor E pra ela voltar Sim, vai e diz Diz assim Que eu rodei Que eu bebi Que eu cai Que eu nao sei Que eu so sei Que cansei, enfim Dos meus desencontros Corre e diz a ela Que eu entrego os pontos |
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from Chico Buarque - Construcao (2000)
Por esse pao pra comer, por esse chao pra dormir
A certidao pra nascer e a concessao pra sorrir Por me deixar respirar, por me deixar existir Deus lhe pague Pelo prazer de chorar e pelo "estamos ai" Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir Um crime pra comentar e um samba pra distrair Deus lhe pague Por essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui O amor malfeito depressa, fazer a barba e partir Pelo domingo que e lindo, novela, missa e gibi Deus lhe pague Pela cachaca de graca que a gente tem que engolir Pela fumaca, desgraca, que a gente tem que tossir Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair Deus lhe pague Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir E pelo grito demente que nos ajuda a fugir Deus lhe pague Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir E pelas moscas-bicheiras a nos beijar e cobrir E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir Deus lhe pague |
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from Chico Buarque - Construcao (2000) | |||||
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from Chico Buarque - Construcao (2000)
Olha Maria
Eu bem te queria Fazer uma presa Da minha poesia Mas hoje, Maria Pra minha surpresa Pra minha tristeza Precisas partir Parte, Maria Que estas tao bonita Que estas tao aflita Pra me abandonar Sinto, Maria Que estas de visita Teu corpo se agita Querendo dancar Parte, Maria Que estas toda nua Que a lua te chama Que estas tao mulher Arde, Maria Na chama da lua Maria cigana Maria mare Parte cantando Maria fugindo Contra a ventania Brincando, dormindo Num colo de serra Num campo vazio Num leito de rio Nos bracos do mar Vai, alegria Que a vida, Maria Nao passa de um dia Nao vou te prender Corre, Maria Que a vida nao espera E uma primavera Nao podes perder Anda, Maria Pois eu so teria A minha agonia Pra te oferecer |
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from Chico Buarque - Construcao (2000)
Vai meu irmao
Pega esse aviao Voce tem razao De correr assim Desse frio Mas beija O meu Rio de Janeiro Antes que um aventureiro Lance mao Pede perdao Pela duracao Dessa temporada Mas nao diga nada Que me viu chorando E pros da pesada Diz que eu vou levando Ve como e que anda Aquela vida a toa E se puder me manda Uma noticia boa |
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from Chico Buarque - Construcao (2000) | |||||
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from Chico Buarque - Meus Caros Amigos (2000)
Pra mim
Basta um dia Nao mais que um dia Um meio dia Me da So um dia E eu faco desatar A minha fantasia So um Belo dia Pois se jura, se esconjura Se ama e se tortura Se tritura, se atura e se cura A dor Na orgia Da luz do dia E so O que eu pedia Um dia pra aplacar Minha agonia Toda a sangria Todo o veneno De um pequeno dia So um Santo dia Pois se beija, se maltrata Se come e se mata Se arremata, se acata e se trata A dor Na orgia Da luz do dia E so O que eu pedia, viu Um dia pra aplacar Minha agonia Toda a sangria Todo o veneno De um pequeno dia |
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from Chico Buarque - Meus Caros Amigos (2000) | |||||
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from Chico Buarque - Meus Caros Amigos (2000)
Meu caro amigo me perdoe, por favor
Se eu nao lhe faco uma visita Mas como agora apareceu um portador Mando noticias nessa fita Aqui na terra 'tao jogando futebol Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll Uns dias chove, noutros dias bate sol Mas o que eu quero e lhe dizer que a coisa aqui ta preta Muita mutreta pra levar a situacao Que a gente vai levando de teimoso e de pirraca E a gente vai tomando que, tambem, sem a cachaca Ninguem segura esse rojao Meu caro amigo eu nao pretendo provocar Nem aticar suas saudades Mas acontece que nao posso me furtar A lhe contar as novidades Aqui na terra tao jogando futebol Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll Uns dias chove, noutros dias bate sol Mas o que eu quero e lhe dizer que a coisa aqui ta preta E pirueta pra cavar o ganha-pao Que a gente vai cavando so de birra, so de sarro E a gente vai fumando que, tambem, sem um cigarro Ninguem segura esse rojao Meu caro amigo eu quis ate telefonar Mas a tarifa nao tem graca Eu ando aflito pra fazer voce ficar A par de tudo que se passa Aqui na terra 'tao jogando futebol Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll Uns dias chove, noutros dias bate sol Mas o que eu quero e lhe dizer que a coisa aqui ta preta Muita careta pra engolir a transacao E a gente ta engolindo cada sapo no caminho E a gente vai se amando que, tambem, sem um carinho Ninguem segura esse rojao Meu caro amigo eu bem queria lhe escrever Mas o correio andou arisco Se permitem, vou tentar lhe remeter Noticias frescas nesse disco Aqui na terra 'tao jogando futebol Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll Uns dias chove, noutros dias bate sol Mas o que eu quero e lhe dizer que a coisa aqui ta preta A Marieta manda um beijo para os seus Um beijo na familia, na Cecilia e nas criancas O Francis aproveita pra tambem mandar lembrancas A todo o pessoal Adeus |
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from Chico Buarque - Meus Caros Amigos (2000)
(Chico Buarque - Augusto Boal, 1976)
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Vivem pros seu maridos, orgulho e raca de Atenas Quando amadas, se perfumam Se banham com leite, se arrumam Suas melenas Quando fustigadas nao choram Se ajoelham, pedem, imploram Mais duras penas Cadenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Sofrem pros seus maridos, poder e forca de Atenas Quando eles embarcam, soldados Elas tecem longos bordados Mil quarentenas E quando eles voltam sedentos Querem arrancar violentos Caricias plenas Obscenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Despem-se pros maridos, bravos guerreiros de Atenas Quando eles se entopem de vinho Costumam buscar o carinho De outras falenas Mas no fim da noite, aos pedacos Quase sempre voltam pros bracos De suas pequenas Helenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas Elas nao tem gosto ou vontade Nem defeito nem qualidade Tem medo apenas Nao tem sonhos, so tem pressagios O seu homem, mares, naufragios Lindas sirenas Morenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Temem por seus maridos, herois e amantes de Atenas As jovens viuvas marcadas E as gestantes abandonadas Nao fazem cenas Vestem-se de negro, se encolhem Se conformam e se recolhem As suas novenas Serenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Secam por seus maridos, orgulho e raca de Atenas Andre Velloso - Rio de Janeiro, Brazil |
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from Chico Buarque - Meus Caros Amigos (2000) | |||||
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from Chico Buarque - Meus Caros Amigos (2000)
Quando voce me deixou, meu bem
Me disse pra ser feliz e passar bem Quis morrer de ciume, quase enlouqueci Mas depois, como era de costume, obedeci Quando voce me quiser rever Ja vai me encontrar refeita, pode crer Olhos no olhos, quero ver o que voce faz Ao sentir que sem voce eu passo bem demais E que venho ate remocando Me pego cantando Sem mais nem porque E tantas aguas rolaram Quantos homens me amaram Bem mais e melhor que voce Quando talvez precisar de mim 'Ce sabe a casa e sempre sua, venha sim Olhos nos olhos, quero ver o que voce diz Quero ver como suporta me ver tao feliz |
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from Chico Buarque - Meus Caros Amigos (2000)
Ei, pintassilgo
Oi, pintaroxo Melro, uirapuru Ai, chega-e-vira Engole-vento Saira, inhambu Foge asa-branca Vai, patativa Tordo, tuju, tuim Xo, tie-sangue Xo, tie-fogo Xo, rouxinol sem fim Some, coleiro Anda, trigueiro Te esconde colibri Voa, macuco Voa, viuva Utiariti Bico calado Toma cuidado Que o homem vem ai O homem vem ai O homem vem ai Ei, quero-quero Oi, tico-tico Anum, pardal, chapim Xo, cotovia Xo, ave-fria Xo, pescador-martim Some, rolinha Anda, andorinha Te esconde, bem-te-vi Voa, bicudo Voa, sanhaco Vai, juriti Bico calado Muito cuidado Que o homem vem ai O homem vem ai O homem vem ai |
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from Chico Buarque - Francisco (2001) | |||||
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from Chico Buarque - Chico Buarque/E.Lobo - Cambaio (2001) | |||||
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from Chico Buarque - Chico Buarque/E.Lobo - Cambaio (2001)
Eu quero moa§a que me deixe perdido
Procuro moa§a que me deixe pasmado Essa moa§a zoando na minha ideia Eu quero moa§a que me deixe zarolho Procuro moa§a que me deixe cambaio Me fervendo na veia Desejo a moa§a prestes A transformar-se em flor A se tornar um luxo Pro seu novo amor Moa§a que vira bicho Que e de fechar bordel Que ateia fogo a?s vestes Na lua-de-mel Eu quero moa§a que me deixe maluco Moa§a disposta a me deixar no bagaa§o Essa moa§a zanzando na minha raia Eu quero moa§a que me chame na chincha Com sua flecha que me crave um buraco Na cabea§a e na£o saia Que na£o abaixe a fronte Que vai por onde quer Que segue pelo cheiro Quero essa mulher Que e de rasgar dinheiro Marido detonar Se arremessar da ponte E me carregar Vejo fulana a festejar na revista Vejo beltrana a bordejar no pedaa§o Divinais garotas Belas donzelas no sala£o de beleza Altas gazelas nos jardins do pala¡cio Eu sou mais as putas |
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from Chico Buarque - Chico Buarque/E.Lobo - Cambaio (2001)
Rato de rua
Irrequieta criatura Tribo em frenetica proliferacao Lubrico, libidinoso transeunte Boca de estomago Atras do seu quinhao Vao aos magotes A dar com um pau Levando o terror Do parking ao living Do shopping center ao leu Do cano de esgoto Pro topo do arranha-ceu Rato de rua Aborigene do lodo Fuca gelada Couraca de sabao Quase risonho Profanador de tumba Sobrevivente A chacina e a lei do cao Saqueador da metropole Tenaz roedor De toda esperanca Estuporador da ilusao O meu semelhante Filho de Deus, meu irmao Rato Rato que roi a roupa Que roi a rapa do rei do morro Que roi a roda do carro Que roi o carro, que roi o ferro Que roi o barro, roi o morro Rato que roi o rato Ra-rato, ra-rato Roto que ri do roto Que roi o farrapo Do esfarra-rapado Que mete a ripa, arranca rabo Rato ruim Rato que roi a rosa Roi o riso da moca E ruma rua arriba Em sua rota de rato Saqueador da metropole Tenaz roedor De toda esperanca Estuporador da ilusao O meu semelhante Filho de Deus, meu irmao |
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from Chico Buarque - Songbook Vol.1 (2002) | |||||
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from Chico Buarque - Songbook Vol.1 (2002)
Quando eu morrer, que me enterrem na
Beira do chapada£o -- contente com minha terra Cansado de tanta guerra Crescido de coraa§a£o Ta'o* Zanza daqui Zanza pra acola¡ Fim de feira, periferia afora A cidade na£o mora mais em mim Francisco, Serafim Vamos embora Ver o capim Ver o baoba¡ Vamos ver a campina quando flora A piracema, rios contravim Binho, Bel, Bia, Quim Vamos embora Quando eu morrer Cansado de guerra Morro de bem Com a minha terra: Cana, caqui Inhame, abobora Onde so vento se semeava outrora Amplida£o, naa§a£o, serta£o sem fim A" Manuel, Miguilim Vamos embora *apud Guimara£es Rosa |
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from Chico Buarque - Songbook Vol.1 (2002)
Pra mim
Basta um dia Nao mais que um dia Um meio dia Me da So um dia E eu faco desatar A minha fantasia So um Belo dia Pois se jura, se esconjura Se ama e se tortura Se tritura, se atura e se cura A dor Na orgia Da luz do dia E so O que eu pedia Um dia pra aplacar Minha agonia Toda a sangria Todo o veneno De um pequeno dia So um Santo dia Pois se beija, se maltrata Se come e se mata Se arremata, se acata e se trata A dor Na orgia Da luz do dia E so O que eu pedia, viu Um dia pra aplacar Minha agonia Toda a sangria Todo o veneno De um pequeno dia |
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from Chico Buarque - Songbook Vol.1 (2002)
Carolina, nos seus olhos fundos guarda tanta dor, a dor de todo esse mundo
Eu ja lhe expliquei, que nao vai dar, seu pranto nao vai nada ajudar Eu ja convidei para dancar, e hora, ja sei, de aproveitar La fora, amor, uma rosa nasceu, todo mundo sambou, uma estrela caiu Eu bem que mostrei sorrindo, pela janela, ah que lindo Mas Carolina nao viu . . . Carolina, nos seus olhos tristes, guarda tanto amor, o amor que ja nao existe Eu bem que avisei, vai acabar, de tudo lhe dei para aceitar Mil versos cantei pra lhe agradar, agora nao sei como explicar La fora, amor, uma rosa morreu, uma festa acabou, nosso barco partiu Eu bem que mostrei a ela, o tempo passou na janela e so Carolina nao viu . . . |
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from Chico Buarque - Songbook Vol.1 (2002) | |||||
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from Chico Buarque - Songbook Vol.1 (2002)
Oh, musa do meu fado
Oh, minha mae gentil Te deixo consternado No primeiro abril Mas nao se tao ingrata Nao esquece quem te amou E em tua densa mata Se perdeu e se encontrou Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal "Sabe, no fundo eu sou um sentimental Todos nos herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo (alem da sifilis, e claro) Mesmo quando as minhas maos estao ocupadas em torturar, esganar, trucidar Meu coracao fecha os olhos e sinceramente chora..." Com avencas na caatinga Alecrins no canavial Licores na moringa Um vinho tropical E a linda mulata Com rendas do alentejo De quem numa bravata Arrebata um beijo Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal "Meu coracao tem um sereno jeito E as minhas maos o golpe duro e presto De tal maneira que, depois de feito Desencontrado, eu mesmo me contesto Se trago as maos distantes do meu peito E que ha distancia entre intencao e gesto E se o meu coracao nas maos estreito Me assombra a subita impressao de incesto Quando me encontro no calor da luta Ostento a aguda empunhadora a proa Mas meu peito se desabotoa E se a sentenca se anuncia bruta Mais que depressa a mao cega executa Pois que senao o coracao perdoa" Guitarras e sanfonas Jasmins, coqueiros, fontes Sardinhas, mandioca Num suave azulejo E o rio Amazonas Que corre tras-os-montes E numa pororoca Desagua no Tejo Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imperio colonial Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imperio colonial |
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from Chico Buarque - Songbook Vol.1 (2002)
Eu fui fazer um samba em homenagem
A nata da malandragem, que conheco de outros carnavais Eu fui a Lapa e perdi a viagem Que aquela tal malandragem nao existe mais Agora ja nao e normal, o que da de malandro Regular profissional, malandro com o aparato de malandro oficial Malandro candidato a malandro federal Malandro com retrato na coluna social Malandro com contrato, com gravata e capital, que nunca se da mal Mas o malandro para valer, nao espalha Aposentou a navalha, tem mulher e filho e tralha e tal Dizem as mas linguas que ele ate trabalha Mora la longe chacoalha, no trem da central |
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from Chico Buarque - Songbook Vol.1 (2002) | |||||
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from Chico Buarque - Songbook Vol.1 (2002)
Nao me leve a mal
Me leve a toa pela ultima vez A um quiosque, ao planetario Ao cais do porto, ao paco O meu coracao, meu coracao Meu coracao parece Que perde um pedaco, mas nao Me leve a serio Passou este verao Outros passarao Eu passo Nao se atire do terraco Nao arranque minha cabeca Da sua cortica Nao beba muita cachaca Nao se esqueca depressa de mim, sim? Pense que eu cheguei de leve Machuquei voce de leve E me retirei com pes de la Sei que o seu caminho amanha Sera um caminho bom Mas nao me leve Nao me leve a mal Me leve apenas para andar por ai Na lagoa, no cemiterio Na areia, no mormaco O meu coracao, meu coracao Meu coracao parece Que perde um pedaco, mas nao Me leve a serio Passou este verao Outros passarao Eu passo Nao se atire do terraco Nao arranque minha cabeca Da sua cortica Nao beba muita cachaca Nao se esqueca depressa de mim, sim? Pense que eu cheguei de leve Machuquei voce de leve E me retirei com pes de la Sei que o seu caminho amanha Sera tudo de bom Mas nao me leve O meu coracao parece Que perde um pedaco, mas nao Me leve a serio Passou este verao Outros passarao Eu passo |
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from Chico Buarque - Songbook Vol.1 (2002) | |||||
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from Chico Buarque - Songbook Vol.1 (2002)
O meu amor
Tem um jeito manso que e so seu E que me deixa louca Quando me beija a boca A minha pele inteira fica arrepiada E me beija com calma e fundo Ate minh'alma se sentir beijada, ai O meu amor Tem um jeito manso que e so seu Que rouba os meus sentidos Viola os meus ouvidos Com tantos segredos lindos e indecentes Depois brinca comigo Ri do meu umbigo E me crava os dentes, ai Eu sou sua menina, viu? E ele e o meu rapaz Meu corpo e testemunha Do bem que ele me faz O meu amor Tem um jeito manso que e so seu De me deixar maluca Quando me roca a nuca E quase me machuca com a barba malfeita E de pousar as coxas entre as minhas coxas Quando ele se deita, ai O meu amor Tem um jeito manso que e so seu De me fazer rodeios De me beijar os seios Me beijar o ventre E me deixar em brasa Desfruta do meu corpo Como se o meu corpo fosse a sua casa, ai Eu sou sua menina, viu? E ele e o meu rapaz Meu corpo e testemunha Do bem que ele me faz |
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from Chico Buarque - Songbook Vol.1 (2002)
Quando voce me deixou, meu bem
Me disse pra ser feliz e passar bem Quis morrer de ciume, quase enlouqueci Mas depois, como era de costume, obedeci Quando voce me quiser rever Ja vai me encontrar refeita, pode crer Olhos no olhos, quero ver o que voce faz Ao sentir que sem voce eu passo bem demais E que venho ate remocando Me pego cantando Sem mais nem porque E tantas aguas rolaram Quantos homens me amaram Bem mais e melhor que voce Quando talvez precisar de mim 'Ce sabe a casa e sempre sua, venha sim Olhos nos olhos, quero ver o que voce diz Quero ver como suporta me ver tao feliz |
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from Chico Buarque - Songbook Vol.1 (2002) | |||||
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from Chico Buarque - Songbook Vol.2 (2002) | |||||
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from Chico Buarque - Songbook Vol.2 (2002)
Acorda amor
Eu tive um pesadelo agora Sonhei que tinha gente la fora Batendo no portao, que aflicao Era a dura, numa muito escura viatura Minha nossa santa criatura Chame, chame, chame la Chame, chame o ladrao, chame o ladrao Acorda amor Nao e mais pesadelo nada Tem gente ja no vao de escada Fazendo confusao, que aflicao Sao os homens E eu aqui parado de pijama Eu nao gosto de passar vexame Chame, chame, chame Chame o ladrao, chame o ladrao Se eu demorar uns meses Convem, as vezes, voce sofrer Mas depois de um ano eu nao vindo Ponha a roupa de domingo E pode me esquecer Acorda amor Que o bicho e brabo e nao sossega Se voce corre o bicho pega Se fica nao sei nao Atencao Nao demora Dia desses chega a sua hora Nao discuta a toa nao reclame Clame, chame la, chame, chame Chame o ladrao, chame o ladrao, chame o ladrao (Nao esqueca a escova, o sabonete e o violao) |
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from Chico Buarque - Songbook Vol.2 (2002) | |||||
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from Chico Buarque - Songbook Vol.2 (2002) | |||||
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from Chico Buarque - Songbook Vol.2 (2002)
Chorei, chorei
Ate ficar com do de mim E me tranquei no camarim Tomei o calmante, o excitante E um bocado de gim Amaldicoei O dia em que te conheci Com muitos brilhos me vesti Depois me pintei, me pintei Me pintei, me pintei Cantei, cantei Como e cruel cantar assim E num instante de ilusao Te vi pelo salao A cacoar de mim Nao me troquei Voltei correndo ao nosso lar Voltei pra me certificar Que tu nunca mais vais voltar Vais voltar, vais voltar Cantei, cantei Nem sei como eu cantava assim So sei que todo o cabare Me aplaudiu de pe Quando cheguei ao fim Mas nao bisei Voltei correndo ao nosso lar Voltei pra me certificar Que nunca mais vais voltar Cantei, cantei Jamais cantei tao lindo assim E os homens la pedindo bis Bebados e febris A se rasgar por mim Chorei, chorei Ate ficar com do de mim |
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Bia falou: ah, claro que eu vou
Clara ficou ate o sol raiar Dada¡ tambem saracoteou Didi tomou o que era pra tomar Ainda bem que Isa me arrumou Um barco bom pra gente chegar la¡ Lelaª tambem foi e apreciou O baticum la¡ na beira do mar Aquela noite Tinha do bom e do melhor Ta' lhe contando que e pra lhe dar a¡gua na boca Veio Mane da Consolaa§a£o Veio o Bara£o de la¡ do Ceara¡ Um professor falando alema£o Um avia£o veio do Canada¡ Monsieur Dupont trouxe o dossier E a Benetton topou patrocinar A Sanyo garantiu o som Do baticum la¡ na beira do mar Aquela noite Quem tava la¡ na praia viu E quem na£o viu jamais vera¡ Mas se vocaª quiser saber A Warner gravou E a Globo vai passar Bia falou: ah, claro que eu vou Clara ficou ate o sol raiar Dada¡ tambem saracoteou Didi tomou o que era pra tomar Isso e que e, Pepe se chegou Pele pintou, so que na£o quis ficar O campea£o da Formula 1 No baticum la¡ na beira do mar Aquela noite Tinha do bom e do melhor So ta' lhe contando que e pra lhe dar a¡gua na boca Zeca pensou: antes que era bom Mano cortou: brother, o que e que ha¡ Foi a G.E. quem iluminou E a MacIntosh entrou com o vatapa¡ O JB fez a cratica E o cardeal deu ordem pra fechar O Carrefour, digo, o baticum Da Benetton, na£o, da beira do mar |
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Olha
Sera¡ que ela e moa§a Sera¡ que ela e triste Sera¡ que e o contra¡rio Sera¡ que e pintura O rosto da atriz Se ela dana§a no setimo ceu Se ela acredita que e outro paas E se ela so decora o seu papel E se eu pudesse entrar na sua vida Olha Sera¡ que e de loua§a Sera¡ que e de eter Sera¡ que e loucura Sera¡ que e cena¡rio A casa da atriz Se ela mora num arranha-ceu E se as paredes sa£o feitas de giz E se ela chora num quarto de hotel E se eu pudesse entrar na sua vida Sim, me leva para sempre, Beatriz Me ensina a na£o andar com os pes no cha£o Para sempre e sempre por um triz Ai, diz quantos desastres tem na minha ma£o Diz se e perigoso a gente ser feliz Olha Sera¡ que e uma estrela Sera¡ que e mentira Sera¡ que e comedia Sera¡ que e divina A vida da atriz Se ela um dia despencar do ceu E se os pagantes exigirem bis E se um arcanjo passar o chapeu E se eu pudesse entrar na sua vida |
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Ela desatinou, viu chegar quarta-feira
Acabar brincadeira, bandeiras se desmanchando E ela inda esta sambando Ela desatinou, viu morrer alegrias, rasgar fantasias Os dias sem sol raiando e ela inda esta sambando Ela nao ve que toda gente, ja esta sofrendo normalmente Toda a cidade anda esquecida, da falsa vida, da avenida Onde ela desatinou, viu chegar quarta-feira Acabar brincadeira, bandeiras se desmanchando E ela inda esta sambando Ela desatinou, viu morrer alegrias, rasgar fantasias Os dias sem sol raiando e ela inda esta sambando Quem nao inveja a infeliz, feliz No seu mundo de cetim, assim, Debochando da dor, do pecado Do tempo perdido, do jogo acabado |
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De tudo que e nego torto
Do mangue e do cais do porto Ela ja foi namorada O seu corpo e dos errantes Dos cegos, dos retirantes E de quem nao tem mais nada Da-se assim desde menina Na garagem, na cantina Atras do tanque, no mato E a rainha dos detentos Das loucas, dos lazarentos Dos moleques do internato E tambem vai amiude Co'os velhinhos sem saude E as viuvas sem porvir Ela e um poco de bondade E e por isso que a cidade Vive sempre a repetir Joga pedra na Geni Joga pedra na Geni Ela e feita pra apanhar Ela e boa de cuspir Ela da pra qualquer um Maldita Geni Um dia surgiu, brilhante Entre as nuvens, flutuante Um enorme zepelim Pairou sobre os edificios Abriu dois mil orificios Com dois mil canhoes assim A cidade apavorada Se quedou paralisada Pronta pra virar geleia Mas do zepelim gigante Desceu o seu comandante Dizendo - Mudei de ideia - Quando vi nesta cidade - Tanto horror e iniquidade - Resolvi tudo explodir - Mas posso evitar o drama - Se aquela famosa dama - Esta noite me servir Essa dama era Geni Mas nao pode ser Geni Ela e feita pra apanhar Ela e boa de cuspir Ela da pra qualquer um Maldita Geni Mas de fato, logo ela Tao coitad e tao singela Cativara o forasteiro O guerreiro tao vistoso Tao temido e poderoso Era dela, prisioneiro Acontece que a donzela - e isso era segredo dela Tambem tinha seus caprichos E a deitar com homem tao nobre Tao cheirando a brilho e a cobre Preferia amar com os bichos Ao ouvir tal heresia A cidade em romaria Foi beijar a sua mao O prefeito de joelhos O bispo de olhos vermelhos E o banqueiro com um milhao Vai com ele, vai Geni Vai com ele, vai Geni Voce pode nos salvar Voce vai nos redimir Voce da pra qualquer um Bendita Geni Foram tantos os pedidos Tao sinceros tao sentidos Que ela dominou seu asco Nessa noite lancinante Entregou-se a tal amante Como quem da-se ao carrasco Ele fez tanta sujeira Lambuzou-se a noite inteira Ate ficar saciado E nem bem amanhecia Partiu numa nuvem fria Com seu zepelim prateado Num suspiro aliviado Ela se virou de lado E tentou ate sorrir Mas logo raiou o dia E a cidade em cantoria Nao deixou ela dormir Joga pedra na Geni Joga bosta na Geni Ela e feita pra apanhar Ela e boa de cuspir Ela da pra qualquer um Maldita Geni |
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Se tu falas muitas palavras sutis
Se gostas de senhas sussurros ardis A lei tem ouvidos pra te delatar Nas pedras do teu proprio lar Se trazes no bolso a contravencao Muambas, baganas e nem um tostao A lei te vigia, bandido infeliz Com seus olhos de raios X Se vives nas sobras frequentas poroes Se tramas assaltos ou revolucoes A lei te procura amanha de manha Com seu faro de dobermam E se definitivamente a sociedade So te tem desprezo e horror E mesmo nas galeras es nocivo Es um estorvo, es um tumor A lei fecha o livro, te pregam na cruz Depois chamam os urubus Se pensas que burlas as normas penais Insuflas agitas e gritas demais A lei logo vai te abracar infrator Com seus bracos de estivador Se pensas que pensas estas redondamente enganado E como ja disse o Dr Eiras Vem chegando ai, junto com o delegado Pra te levar... |
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Quando, seu moco, nasceu meu rebento
Nao era o momento dele rebentar Ja foi nascendo com cara de fome E eu nao tinha nem nome pra lhe dar Como fui levando, nao sei lhe explicar Fui assim levando ele a me levar E na sua meninice ele um dia me disse Que chegava la Olha ai Olha ai Olha ai, ai o meu guri, olha ai Olha ai, e o meu guri E ele chega Chega suado e veloz do batente E traz sempre um presente pra me encabular Tanta corrente de ouro, seu moco Que haja pescoco pra enfiar Me trouxe uma bolsa ja com tudo dentro Chave, caderneta, terco e patua Um lenco e uma penca de documentos Pra finalmente eu me identificar, olha ai Olha ai, ai o meu guri, olha ai Olha ai, e o meu guri E ele chega Chega no morro com o carregamento Pulseira, cimento, relogio, pneu, gravador Rezo ate ele chegar ca no alto Essa onda de assaltos ta um horror Eu consolo ele, ele me consola Boto ele no colo pra ele me ninar De repente acordo, olho pro lado E o danado ja foi trabalhar, olha ai Olha ai, ai o meu guri, olha ai Olha ai, e o meu guri E ele chega Chega estampado, manchete, retrato Com venda nos olhos, legenda e as iniciais Eu nao entendo essa gente, seu moco Fazendo alvoroco demais O guri no mato, acho que ta rindo Acho que ta lindo de papo pro ar Desde o comeco, eu nao disse, seu moco Ele disse que chegava la Olha ai, olha ai Olha ai, ai o meu guri, olha ai Olha ai, e o meu guri |
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Ando com minha cabeca ja pelas tabelas
Claro que ninguem se importa com minha aflicao Quando vi todo mundo na rua de blusa amarela Eu achei que era ela puxando o cordao Oito horas e danco de blusa amarela Minha cabeca talvez faca as pazes assim Quando ouvi a cidade de noite batendo as panelas Eu pensei que era ela voltando pra mim Minha cabeca de noite batendo panelas Provavelmente nao deixa a cidade dormir Quando vi um bocado de gente Descendo as favelas Eu achei que era o povo que vinha pedir A cabeca de um homem que olhava as favelas Minha cabeca rolando no maracana Quando vi a galera aplaudindo de pe as tabelas Eu jurei que era ela que vinha chegando Com minha cabeca ja pelas tabelas Claro que ninguem se importa com minha aflicao Quando vi todo mundo na rua de blusa amarela Eu achei que era ela puxando o cordao |
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from Chico Buarque - Songbook Vol.2 (2002)
Vem, meu menino vadio
Vem, sem mentir pra voce Vem, mas vem sem fantasia Que da noite pro dia Voce nao vai crescer Vem, por favor nao evites Meu amor, meus convites Minha dor, meus apelos Vou te envolver nos cabelos Vem perde-te em meus bracos Pelo amor de Deus Vem que eu te quero fraco Vem que eu te quero tolo Vem que eu te quero todo meu Ah, eu quero te dizer Que o instante de te ver Custou tanto penar Nao vou me arrepender So vim te convencer Que eu vim pra nao morrer De tanto te esperar Eu quero te contar Das chuvas que apanhei Das noites que varei No escuro a te buscar Eu quero te mostrar As marcas que ganhei Nas lutas contra o rei Nas discussoes com Deus E agora que cheguei Eu quero a recompensa Eu quero a prenda imensa Dos carinhos teus |
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from Chico Buarque - Songbook Vol.3 (2002)
A Rita levou meu sorriso
No sorriso dela Meu assunto Levou junto com ela E o que me e de direito Arrancou-me do peito E tem mais Levou seu retrato, seu trapo, seu prato Que papel! Uma imagem de Sao Francisco E um bom disco de Noel A Rita matou nosso amor De vinganca Nem heranca deixou Nao levou um tostao Porque nao tinha nao Mas causou perdas e danos Levou os meus planos Meu pobres enganos Os meus vinte anos O meu coracao E alem de tudo Me deixou mudo Um violao |
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from Chico Buarque - Songbook Vol.3 (2002)
A novidade
Que tem no Brejo da Cruz E a criancada Se alimentar de luz Alucinados Meninos ficando azuis E desencarnando La no Brejo da Cruz Eletrizados Cruzam os ceus do Brasil Na rodoviaria Assumem formas mil Uns vendem fumo Tem uns que viram Jesus Muito sanfoneiro Cego tocando blues Uns tem saudade E dancam maracatus Uns atiram pedra Outros passeiam nus Mas ha milhoes desses seres Que se disfarcam tao bem Que ninguem pergunta De onde essa gente vem Sao jardineiros Guardas-noturnos, casais Sao passageiros Bombeiros e babas Ja nem se lembram Que existe um Brejo da Cruz Que eram criancas E que comiam luz Sao faxineiros Balancam nas construcoes Sao bilheteiras Baleiros e garcons Ja nem se lembram Que existe um Brejo da Cruz Que eram criancas E que comiam luz |
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