A Rita levou meu sorriso No sorriso dela Meu assunto Levou junto com ela E o que me e de direito Arrancou-me do peito E tem mais Levou seu retrato, seu trapo, seu prato Que papel! Uma imagem de Sao Francisco E um bom disco de Noel
A Rita matou nosso amor De vinganca Nem heranca deixou Nao levou um tostao Porque nao tinha nao Mas causou perdas e danos Levou os meus planos Meu pobres enganos Os meus vinte anos O meu coracao E alem de tudo Me deixou mudo Um violao
Tinha ca pra mim Que agora sim Eu vivia enfim O grande amor Mentira Me atirei assim De trampolim Fui ate o fim um amador Passava um verao A agua e pao Dava o meu quinhao Pro grande amor Mentira Eu botava a mao No fogo entao Com meu coracao de fiador
Hoje eu tenho apenas Uma pedra no meu peito Exijo respeito Nao sou mais um sonhador Chego a mudar de calcada Quando aparece uma flor E dou risada do grande amor Mentira
Fui muito fiel Comprei anel Botei no papel O grande amor Mentira Reservei hotel Sarapatel E lua de mel Em Salvador Fui rezar na Se Pra Sao Jose Que eu levava fe No grande amor Mentira Fiz promessa ate Pra Oxumare De subir a pe o Redentor
Hoje eu tenho apenas Uma pedra no meu peito Exijo respeito Nao sou mais um sonhador Chego a mudar de calcada Quando aparece uma flor E dou risada do grande amor Mentira
Eu te vejo sumir por ai Te avisei que a cidade era um vao Da tua mao, olha pra mim Nao faz assim, nao va la, nao Os letreiros a te colorir Embaracam a minha visao Eu te vi suspirar de aflicao E sair da sessao frouxa de rir Ja te vejo brincando gostando de ser Tua sombra a se multiplicar Nos teus olhos tambem posso ver As vitrines te vendo passar Na galeria, cada clarao E como um dia depois de outro dia Abrindo um salao Passas em exposicao Passas sem ver teu vigia Catando a poesia Que entornas no chao
Preciso nao dormir Ate se consumar O tempo Da gente Preciso conduzir Um tempo de te amar Te amando devagar E urgentemente Pretendo descobrir No ultimo momento Um tempo que refaz o que desfez Que recolhe todo o sentimento E bota no corpo uma outra vez Prometo te querer Ate o amor cair Doente Doente Prefiro entao partir A tempo de poder A gente se desvencilhar da gente Depois de te perder Te encontro, com certeza Talvez num tempo da delicadeza Onde nao diremos nada Nada aconteceu Apenas seguirei, como encantado Ao lado teu Andre Velloso - Rio de Janeiro, Brazil
A novidade Que tem no Brejo da Cruz E a criancada Se alimentar de luz Alucinados Meninos ficando azuis E desencarnando La no Brejo da Cruz
Eletrizados Cruzam os ceus do Brasil Na rodoviaria Assumem formas mil Uns vendem fumo Tem uns que viram Jesus Muito sanfoneiro Cego tocando blues Uns tem saudade E dancam maracatus Uns atiram pedra Outros passeiam nus
Mas ha milhoes desses seres Que se disfarcam tao bem Que ninguem pergunta De onde essa gente vem Sao jardineiros Guardas-noturnos, casais Sao passageiros Bombeiros e babas Ja nem se lembram Que existe um Brejo da Cruz Que eram criancas E que comiam luz
Sao faxineiros Balancam nas construcoes Sao bilheteiras Baleiros e garcons Ja nem se lembram Que existe um Brejo da Cruz Que eram criancas E que comiam luz
Vai passar nessa avenida um samba popular Cada paralelepipedo da velha cidade essa noite vai se arrepiar Ao lembrar que aqui passaram sambas imortais Que aqui sangraram pelos nossos pes Que aqui sambaram nossos ancestrais Num tempo pagina infeliz da nossa historia Passagem desbotada na memoria Das nossas novas geracoes Dormia a nossa patria mae tao distraida Sem perceber que era subtraida Em tenebrosas transacoes Seus filhos erravam cegos pelo continente Levavam pedras feito penitentes Erguendo estranhas catedrais E um dia, afinal, tinham o direito a uma alegria fugaz Uma ofegante epidemia que se chamava carnaval O carnaval, o carnaval Vai passar, palmas pra ala dos baroes famintos O bloco dos napoleoes retintos E os pigmeus do boulevard Meu Deus, vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar A evolucao da liberdade ate o dia clarear Ai que vida boa, o lere Ai que vida boa, o lara O estandarte do sanatorio geral vai passar Ai que vida boa, o lere Ai que vida boa, o lara
Vai meu irmao Pega esse aviao Voce tem razao De correr assim Desse frio Mas beija O meu Rio de Janeiro Antes que um aventureiro Lance mao
Pede perdao Pela duracao Dessa temporada Mas nao diga nada Que me viu chorando E pros da pesada Diz que eu vou levando Ve como e que anda Aquela vida a toa E se puder me manda Uma noticia boa