Disc 1 | ||||||
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Por teu livre pensamento
Foram-te longe encerrar Tao longe que o meu lamento Nao te consegue alcancar E apenas ouves o vento E apenas ouves o mar Levaram-te a meio da noite A treva tudo cobria Foi de noite numa noite De todas a mais sombria Foi de noite, foi de noite E nunca mais se fez dia. Ai! Dessa noite o veneno Persiste em me envenenar Oico apenas o silencio Que ficou em teu lugar E ao menos ouves o vento E ao menos ouves o mar. |
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3. |
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4. |
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Tenho tantas recordacoes como
Folhas tremendo nos ramos, Canas murmurando a beira-rio, Aves cantando no ceu azul, Fremito, murmurios, cancao: Tantas! E mais disformes que sonhos. Mais ainda: De todas as esferas celestes; Como a onda, que ao quebrar, Invade a imensidao da praia, sem Nunca porem, um grao de areia expulsar. Em atropelo, ouco-as segredar, Ora agrestes, ora ternas, duras ou sinceras; De tanta fartura, ainda dou em louco, Esqueco quem sou e torno-me um outro. As que sao tristes, mais tristes me soam; Agora que sei outro recurso nao ter, Que ficar de novo encalhado Nas margens do eterno sofrer. Tambem as felizes, se tornam mais tristes, Pois para sempre se esvaneceram: Beijos, luxos, palavras do passado, Sao como frutos que em mim morreram. Nada mais tenho que recordacøes, A minha vida ja ha muito se foi. Como pode um morto cantar ainda? Em mim ja nenhum canto tem vida. Nas margens dos grandes mares, Na funda escuridao dos bosques, Ouco ainda o grande rumor despertar E nenhuma voz que o faca libertar. |
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(Maria Duarte / Custodio Castelo)
Ha muito que tenho sede Sede que me faz gritar A esmola da gota d'agua Que ninguem tem p'ra me dar Ha em mim sede de Agosto Da agua que nao correu Das flores que secam nos vales Sede que a sede me deu Tenho a sede das searas E das criancas sem mae Tenho sede (tanta sede!) Da agua que nunca vem Eu tenho as sedes das fontes Que correm para ninguem Tenho sede de outras sedes Da sede que a sede tem |
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13. |
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Pombas brancas
Que voam altas Riscando as sombras Das nuvens largas La vao Pombas que nao voltam Trazem dentro Das asas prendas Nas bicos rosas Nuvens desfeitas No mar Pombas do meu cantar Canto apenas Lembrancas varias Vindas das sendas Que ninguem sabe Onde vao Pombas que nao voltam |