Disc 1 | ||||||
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Caia
A tarde feito um viaduto E um bebado trajando luto Me lembrou Carlitos A lua Tal qual a dona dum bordel Pedia a cada estrela fria Um brilho de aluguel E nuvens La no mata-borrao do ceu Chupavam manchas torturadas Que sufoco! Louco, O bebado com chapeu coco Fazia irreverencias mil Pra noite do Brasil Meu Brasil Que sonha Com a volta do irmao do Henfil Com tanta gente que partiu Num rabo de foguete Chora a nossa patria mae gentil Choram Marias e Clarisses No solo do Brasil Mas sei Que uma dor assim pungente Nao ha de ser inutilmente A esperanca danca Na corda bamba de sombrinha E em cada passo dessa linha Pode se machucar Azar A esperanca equilibrista Sabe que o show de todo artista Tem que continuar |
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De manha cedo essa senhora se conforma
Bota a mesa, tira o po, lava a roupa, seca os olhos Ah, como essa santa nao se esquece De pedir pelas mulheres, pelos filhos, pelo pao Depois sorri meio sem graca E abraca aquele homem Aquele mundo Que a faz assim feliz De tardezinha essa menina se namora Se enfeita, se decora Sabe tudo, nao faz mal Ah, como essa coisa e tao bonita Ser cantora, ser artista Isso tudo e muito bom E chora tanto de prazer e de agonia De algum dia, qualquer dia Entender de ser feliz De madrugada essa mulher faz tanto estrago Tira a roupa, faz a cama, vira a mesa, seca o bar Ah, como essa louca se esquece Quanto os homens enlouquece Nessa boca, nesse chao Depois parece que acha graca E agradece ao destino aquilo tudo Que a faz tao infeliz Essa menina, essa mulher, essa senhora Em quem esbarro a toda hora no espelho casual E feita de sombra e tanta luz De tanta lama e tanta cruz Que acha tudo natural |
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Foi, quem sabe, esse disco, esse risco
De sombra em teus cilios Foi ou nao meu poema no chao Ou talvez nossos filhos As sandalias de saltos tao altos, O relogio batendo, o sol posto O Relogio, as sandalias, e eu batendo em seu rosto E a queda dos saltos tao altos Sobre nossos filhos Como um raio de sangue no chao Do risco em teus cilios Foram discos demais, desculpas demais Ja vao tarde essas tardes e mais Tuas aulas, meus taxis, uisque,dietil,dienpax... Ah, mas ha que se louvar Entre altos e baixos o amor quando traz Tanta vida que ate pra morrer leva tempo demais... |
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As aparencias enganam,
aos que odeiam e aos que amam Porque o amor e o odio se irmanam na fogueira das paixoes Os coracoes pegam fogo e depois nao ha nada que os apague Se a combustao os persegue, as labaredas e as brasas sao O alimento, o veneno e o pao, o vinho seco, a recordacao Dos tempos idos de comunhao, sonhos vividos de conviver As aparencias enganam, aos que odeiam e aos que amam Poque o amor e o odio se irmanam na geleira das paixoes Os coracoes viram gelo e, depois, nao ha nada que os degele Se a neve, cobrindo a pele, vai esfriando por dentro o ser Nao ha mais forma de se aquecer, nao ha mais tempo de se esquentar Nao ha mais nada pra se fazer, senao chorar sob o cobertor As aparencias enganam, aos que gelam e aos que inflamam Porque o fogo e o gelo se irmanam no outono das paixoes Os coracoes cortam lenha e, depois, se preparam pra outro inverno Mas o verao que os unira, ainda, vive e transpira ali Nos corpos juntos na lareira, na reticente primavera No insistente perfume de alguma coisa chamada amor |